Salas de chá: mulheres trabalhadoras é um romance social escrito pela ativista, jornalista e autora comunista espanhola Luisa Carnes Caballero. A obra foi publicada pela primeira vez em 1934 graças a um grupo de editores dedicados à denúncia social. Muito mais tarde, em 2016, o livro foi republicado e devolvido ao espaço literário pela editora Hoja de Lata de Gijón.
Após o fim da Guerra Civil Espanhola, Luisa Carnes exilou-se no México. Embora a autora tenha continuado escrevendo até o dia de sua morte, Salas de chá: mulheres trabalhadoras Foi relegado ao esquecimento, apesar de seu lançamento ter desfrutado de grande popularidade e entusiasmo por parte da crítica. No presente, O livro é um exemplo de feminismo e um relato dos erros passados da sociedade.
Sinopse de Salas de chá: mulheres trabalhadoras
Dez horas de trabalho, cansaço, três pesetas
A novela conta a história de várias mulheres que trabalham como garçonetes em um prestigiado salão de chá em Madrid., no início da década de trinta, no alvorecer da Segunda República. Cada uma dessas senhoras tem sua própria história: Antonia é uma veterana que ninguém reconhece por seu trabalho; Peca, por sua vez, tem trinta anos e é muito religiosa.
Marta entrou no salão de chá desesperada por emprego. Laurita é uma espécie de afilhada do dono do lugar, por isso se apresenta como a mais despreocupada e maluca deles. Por fim, há Matilde, a alter ego da autora, uma jovem pobre, mas com ideias próprias sobre como a sociedade deveria funcionar para as mulheres.
Vilões se vestem nobremente
Tanto o dono da sala de chá quanto seu assistente —além de outras pessoas no poder em geral— são retratados como injustos, abusivos e indesejáveis, quase a ponto de se tornarem traficantes de escravos que pouco se preocupam com o bem-estar dos empregados. A gerente mostra um caráter arrogante, mas ao mesmo tempo tem medo do chefe supremo, que é um “ogro”.
O trabalho, como o próprio nome indica, se concentra em refletir sobre a vida dessas mulheres trabalhadoras, dos seus baixos salários e das longas jornadas de trabalho a que eram submetidos. Esta era a realidade feminina daquela época, e Luisa Carnes Caballero a desenvolve com total fidelidade, pois ela mesma a viveu em primeira mão. Aliás, uma das suas protagonistas, Matilde, é inspirada na autora.
O peso nos ombros das mulheres
As personagens principais deste romance são mulheres corajosas, com irmãos para alimentar e pais que não podem mais trabalhar – embora procurem sempre mais de uma forma de ganhar o pão. Salas de chá: mulheres trabalhadoras fala sobre a exploração feminina em duas frentes. Por um lado, o privado, onde as mulheres são forçadas a casar, y para o outro, no local de trabalho, onde não recebem o suficiente.
Matilde sonha com um futuro onde as mulheres possam traçar o seu próprio caminho sem depender de um homem, onde podem ficar de pé e escolher o que querem fazer da vida. Há meninas que desejam frequentar escolas onde só são admitidas as filhas de homens poderosos, outras querem criar os seus próprios negócios e outras querem simplesmente cuidar das suas famílias.
Um romance à frente de seu tempo
O modo de pensar de Luisa Carnes Caballero a levou a uma luta que estava pelo menos vinte anos à frente dos estudiosos de sua época. Em Salas de chá: mulheres trabalhadoras conta como a adolescência de muitas meninas foi interrompida pelas garras do trabalho duro sem remuneração adequada, bem como o assédio que as mulheres muitas vezes sofriam por parte dos seus chefes homens.
O puro realismo social de Luisa Carnes se mistura com um estilo narrativo direto, denúncia e prosa feminista. Também são abordados temas como casamento, prostituição, aborto, abuso sexual, entre outros.. Salas de chá suscita algo nunca antes visto até agora: o surgimento de uma mulher diferente, segura de si, que busca a emancipação através do trabalho decente.
Dentro da política
Durante a década de 1930, a Espanha viveu uma situação de grande instabilidade política e social. Houve inúmeras reclamações sobre péssimas condições de trabalho e tratamento injustificado dos trabalhadores. Este contexto serviu de pano de fundo para a criação de Salas de chá: mulheres trabalhadoras. Na época, os leitores deste romance ficaram aliviados ao perceber que um deles – um trabalhador – contava a realidade do país.
O texto também menciona a luta de classes e como os mais privilegiados nunca saberiam o que é passar fome ou não ter a liberdade de decidir sobre a própria vida. Isso não teria que ser um problema, se não fosse pelo fato de que Os protagonistas revelam o sofrimento sistemático dos pobres.
Sobre a autora, Luisa Genoveva Carnes
Luisa Genoveva Carnes Caballero nasceu em 3 de janeiro de 1905, em Madrid, Espanha. Ele cresceu em uma família de origem operária e Ele teve que deixar a escola aos 11 anos para trabalhar em uma oficina de chapéus devido à situação financeira da sua casa. Dedicou seu pouco tempo livre ao estudo independente da imprensa, literatura, história e política, e publicou seu primeiro romance em 1928.
Em 1930 começou a trabalhar como estenógrafa na editora Compañía Iberoamericana de Publicaciones (CIAP). Foi lá que conheceu o cartunista Ramón Puyol, que pouco depois se tornou seu marido. Quando o Guerra Civil, a autora focou em sua trajetória como jornalista militante. Mais tarde, terminada a guerra e perdido o Partido Republicano, ele se exilou no México.
Outros livros de Luisa Carnes Caballero
- treze histórias (Editorial Hoja de Lata, 2017);f
- Rosalia (Editorial Hoja de Lata, 2017);
- De Barcelona à Bretanha Francesa (Editorial Renacimiento, 2014);
- o elo perdido (Editorial Renacimiento, 2017);
- Vermelho e cinza. Histórias completas eu (Edições Espuela de Plata, 2018);
- Onde o louro brotou, histórias completas II (Edições Espuela de Plata, 2018);
- Natacha (Edições Espuela de Plata, 2019).