
Ensaio sobre cegueira
Ensaio sobre cegueira -ou Ensaio sobre cegueira, pelo título original em português, é um romance ensaístico escrito pelo Prêmio Nobel de Literatura José Saramago. A obra foi publicada pela primeira vez em 1995. Pouco depois, foi traduzida para o espanhol por Basilio Losada e comercializada pela editora Santillana para o público de língua espanhola.
Seu próprio autor o definiu como “o romance que capturou, criticou e desmascarou uma sociedade podre e deslocada”. Ao mesmo tempo, a crítica e o público leitor endossaram essas palavras, conferindo à obra um sucesso tão grande que chegou a ser feita uma adaptação cinematográfica dirigida por Fernando Meirelles, que a chamou Cegueiraum A cegas.
Sinopse de Ensaio sobre cegueira
O começo de um mundo em caos
A história começa quando, de repente, um homem no trânsito fica cego sem motivo aparente. Este evento é seguido por uma série de casos semelhantes, espalhando-se como uma epidemia. A cegueira que afeta as vítimas é descrita como “uma brancura luminosa”, em oposição à escuridão tradicionalmente associada à perda de visão.
Este “mal branco” rapidamente se torna uma pandemia, mergulhando a sociedade na confusão. O governo, sem conseguir controlar a situação, decide confinar os primeiros infectados num antigo asilo., sob uma quarentena estrita. Neste ambiente hostil, os doentes devem lutar pela sua sobrevivência enquanto a ordem social entra em colapso rapidamente.
A presença de uma senhora milagrosa
Um fato curioso sobre Ensaio sobre cegueira É a forma como Saramago decide apresentar os seus personagens. A razão é que o leitor em nenhum momento sabe seus nomes, pois as pessoas só são referidas por meio de epítetos que descrevem suas características mais marcantes, como “a mulher de óculos escuros” e “a criança estrábica”. Isso se repete com cada um.
Entre os atores, destaca uma personagem-chave: “a esposa do médico”, que, misteriosamente, mantém a visão, mas opta por não revelar seu segredo. É através de seus olhos que o leitor testemunha a brutalidade, o medo e a perda de humanidade sofrida pelos confinados.
Temas centrais da obra
cegueira metafórica
Além da cegueira física sofrida pelos personagens, Saramago explora a ideia de cegueira moral e social. A incapacidade de ver e compreender o outro, de reconhecer a nossa própria humanidade nos outros, é um dos fios condutores do romance.
A pandemia é um espelho de falhas éticas e de desconexão entre as pessoas. Diante disso, o autor deixa pistas através de algumas das frases mais icônicas do volume, como: “Acredito que não somos cegos, acredito que somos cegos, cegos que vêem, cegos que, vendo, não vêem”.
Desintegração social
À medida que a trama avança, a cegueira provoca o colapso das instituições e da estrutura da sociedade. Sem as regras que normalmente regem as interações humanas, surge o caos. Assim, o romance levanta a questão de quão tênue é a linha entre civilização e barbárie.
Poder e impotência
No asilo, os personagens enfrentam uma constante luta pelo poder. Os primeiros sintomas da cegueira não são apenas a perda de visão, mas a perda de controle, tanto a nível pessoal como coletivo. O autor questiona a eficácia do poder, ao mesmo tempo que retrata como as pessoas, ao serem despojadas da sua dignidade, caem no desespero.
Estilo narrativo da obra
Saramago usa um estilo distinto que pode ser desafiador para o leitor. As frases são longas e carecem de pontuação tradicional, com uso mínimo de vírgulas e pontos. Além disso, o diálogo está integrado ao fluxo da narrativa, sem hífens ou aspas, o que cria uma sensação de pensamento contínuo.
Este estilo reflete, em parte, o caos e a confusão pelos quais passam os personagens, obrigando o leitor a participar ativamente da interpretação do texto. Ao mesmo tempo, a necessidade de evitar nomear os personagens cria o tom perfeito para que suas qualidades físicas se destaquem. Isso é irônico, já que nesta história quase todo mundo é cego.
Reflexão filosófica de Ensaio sobre cegueira
Ensaio sobre cegueira É uma alegoria profunda sobre a vulnerabilidade da condição humana. Através desta condição, Saramago expõe a fragilidade das normas e valores que estruturam a convivência. Dessa forma, o romance explora como, diante do medo e do caos, as pessoas podem ser capazes de atos de extrema crueldade, mas também de compaixão e sacrifício.
Em sua essência, o livro é uma meditação sobre a natureza da humanidade e nossa capacidade de coexistir em sociedade. No geral, Saramago convida o leitor a refletir sobre os perigos da indiferença e da alienação num mundo cada vez mais desconectado.. Apesar da antiguidade da obra, sua mensagem impacta a realidade do homem atual.
Sobre el autor
José de Sousa Saramago nascido em 16 de novembro de 1922, na freguesia portuguesa da Azinhaga, concelho da Golegã, distrito central do Ribatejo. O autor cresceu em uma família de baixa renda, por isso seus pais não podiam pagar seus estudos. Isso o levou a trabalhar por dois anos em uma ferraria mecânica.
Contudo, Saramago sempre se sentiu atraído pela literatura. O autor demonstrou sua paixão após o casamento, quando publicou seu primeiro romance, que foi publicado, sem sucesso, em 1947.. A partir de então, dedicou-se a escrever crítica literária para a revista Seara Nova, onde também foi comentarista cultural. Porém, em 1980 viu a sua consagração como autor com uma das suas obras.
Outros livros de José de Sousa Saramago
novelas
- A viúva (1947);
- Manual de pintura e caligrafia (1977);
- Levantado do chão (1980);
- memorial do convento (1982);
- O ano da morte de Ricardo Reis (1984);
- A jangada de pedra (1986);
- História do Cerco de Lisboa (1989);
- O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991);
- Ensaio sobre cegueira (1995);
- Todos os nomes (1997);
- A caverna (2000);
- O homem duplicado (2002);
- Ensaio sobre Lucidez (2004);
- a intermitência da morte (2005);
- A jornada do elefante (2008);
- Caim (2009);
- Clarabóia (2011);
- Halberds (2014).
Tempo Real
- Quase um objeto (1978);
- A história da ilha desconhecida (1998).
Crianças e Jovens
- a maior flor do mundo (2001);
- O silêncio da água (2011);
- O lagarto (2016).
Diários
- Cadernos de Lanzarote 1993-1995 (1997);
- Cadernos de Lanzarote II 1996-1997 (2002);
- O caderno (2009);
- O ultimo caderno (2011);
- O caderno do ano Nobel (2018).
memórias
- As pequenas lembranças (2006).
Poesia
- Poemas possíveis (1966);
- Provavelmente alegria (1970);
- O ano 1993 (1975).
Crónica
- Deste mundo e do outro (1971);
- As malas do viajante (1973);
- Anotações (1976);
- Os cinco sentidos: audição (1979);
- Moby Dick em Lisboa (1996);
- Folhas políticas 1976-1998 (1999).
teatro
- A noite (1979);
- O que farei com este livro? (1980);
- A segunda vida de Francisco de Assis (1987);
- Em Nomine Dei (1993);
- Don Giovanni ou o dissoluto absolvido (2005).
Teste
- Discursos de Estocolmo (1999);
- Dê uma estátua de pedra (1999);
- Comente o personagem para que o maître e o autor sejam aprendizes (1999);
- Direto e destino (1999);
- Aqui sou um zapatista. Saramago nas Belas Artes (2000);
- Palavras para um mundo melhor (2004);
- Questto mondo não vai bem porque ninguém mais vem (2005);
- O nome e a coisa (2006);
- Andrea Mantegna. Uma ética, uma estética (2006);
- Democracia e Universidade (2010);
- Saramago em suas palavras (2010).