
O mundo editorial volta mais uma vez a sua atenção para Praga: com O último segredo, O novo romance de Dan BrownRobert Langdon, o professor de simbologia que transformou códigos e história em um fenômeno global, retorna às livrarias. A cidade tcheca se torna o cenário de uma história em que ciência, símbolos e lendas coexistem no ritmo de um thriller.
Aqueles que se aproximarem deste lançamento encontrarão um Brown reconhecível, porém mais ambicioso: um enredo longo e detalhado, a presença decisiva de Katherine Solomon e um debate substantivo que se concentra na consciência humana e seus limites. Tudo isso emoldurado em recantos icônicos da capital boêmia.
Publicação e lançamento global

O novo título da saga Langdon chega como sexta parcela depois de Anjos e Demônios, O Código Da Vinci, O Símbolo Perdido, Inferno e A Origem. A edição em espanhol é de Planeta Editorial para a Espanha e América Latina, com uma tiragem inicial de 500.000 exemplares, e a Columna Edicions publica a versão catalã. No total, o livro foi traduzido para 56 idiomas e faz parte de uma implantação internacional com mais de 20 selos envolvidos.
Praga acolheu a apresentação internacional com um evento no Capela dos Espelhos, dentro do Clementinum, diante de cerca de 140 jornalistas. Houve música de órgão e um gesto institucional com a entrega simbólica de as chaves da cidade ao autor, marcando o início de uma turnê que levará o lançamento a vários países.
O autor manteve a confidencialidade do projeto ao extremo: escreveu em um computador sem conexão com a internet para proteger contra potenciais ataques cibernéticos. A obra tem cerca de 800 páginas e Brown a descreve como sua abordagem mais complexa, resultado de oito anos de documentação e consultas com especialistas.
Enredo e cenários em Praga
A história começa com Robert Langdon viajando para a capital tcheca para assistir a uma palestra de Katherine Solomon, uma cientista noética e peça-chave do casoUm assassinato invade a agenda, Katherine desaparece e um manuscrito de enorme valor some, dando origem a uma corrida contra o tempo na qual símbolos, números e pistas se cruzam com a história da cidade.
Praga é mostrada como um quadro cheio de sinais: a Praça da cidade velha, a Ponte Carlos e o complexo Clementinum integram-se num itinerário que também conduz a enclaves como a Castelo de Praga, a Torre Petřín ou o Parque Folimanka. O mito do Golem Ela irrompe como um eco da tradição e acrescenta camadas de interpretação a uma trama que não foge do choque entre passado e presente.
Langdon enfrenta uma organização com recursos e uma figura que parece vir de antigas lendas locais. Com sua Memória eidética e seu conhecimento de simbologia, o professor avança entre armadilhas e fundos falsos para reconstruir uma verdade que aspira mudar o que pensamos saber sobre o mente humana.
Ciência, símbolos e consciência
O Último Segredo aprofunda-se num território onde o romance policial beira o ensaio informativo. A obra explora a consciência não local: a hipótese de que a mente não está confinada ao cérebro, mas conectada a um campo de informação compartilhado. Brown contrasta essa abordagem com a visão materialista, sem tomar partido de forma estridente, e transforma a discussão em motor de suspense.
Nesse equilíbrio, Catarina Salomão Ele atua como uma ponte entre o rigor dos dados e a experiência do leitor: fornece a base científica, enquanto Langdon serve como um guia para que conceitos complexos possam ser compreendidos em uma chave narrativa. O próprio autor reconhece que um de seus maiores desafios foi clareza expositiva, obra na qual se destaca a mão de seu editor, Jason Kaufman, que inclusive é mencionado dentro da história.
A dimensão mais pessoal também emerge. Brown explicou que a doença e a morte de sua mãe o levaram a repensando a consciência e o que poderia existir além da morte, um debate transversal que percorre o livro e que se conecta com experimentos citados ao longo da trama.
Como o livro foi falsificado
Além do trabalho de campo, Brown tem contado com uma disciplina férrea: ele fala de manhãs cedo todos os dias, longas sessões de escrita e a convicção de que parar dificulta a retomada do pulso criativo. O resultado é um texto de grande alcance, apoiado por abundante documentação e uma estrutura que mede reviravoltas e revelações sem perder o fio condutor.
Após A Origem (2017), o autor deixou claro que a próxima aventura de Langdon deveria se enraizar em a atmosfera de PragaO diálogo entre ciência e mito, tendo como pano de fundo a lenda do Golem, confere ao romance um caráter tom híbrido que se conecta com preocupações contemporâneas sem abandonar o clássico jogo de quebra-cabeça.
Das páginas para a tela
A Netflix adquiriu os direitos de uma série de oito episódios baseado em O Último Segredo. A plataforma encomendou o desenvolvimento para Carlton Cuse, showrunner veterano, e Dan Brown está envolvido como roteirista e produtor executivo ao lado de Emma Forman. O projeto está atualmente em fase de roteiro, com a autora já tendo lido os roteiros dos primeiros capítulos.
A intenção é que a adaptação mergulhar no questões filosóficas e na trama simbólica da obra, aproveitando o formato seriado para expandir tramas e personagens. Praga, mais uma vez, se posiciona como palco central para filmar, em linha com o cerne do romance.
A Saga de Robert Langdon, de ontem para hoje
De Anjos e Demônios até hoje, Brown delineou um subgênero de thrillers de mistério onde arte, história e ciência se cruzam. O Código Da Vinci popularizou enormemente essa abordagem, enquanto títulos como Inferno e A Origem consolidaram Langdon como uma franquia literário, com adaptações cinematográficas estreladas por Tom Hanks.
O Último Segredo continua essa linha, mas a empurra para um território mais especulativo. Com páginas 800, desdobra uma tapeçaria de símbolos e teorias que, sem perder o ritmo do entretenimento, nos convida a questionar-nos sobre a natureza da consciência e pela maneira como interpretamos a realidade.
Pelo que foi visto em seu lançamento, pelo interesse editorial e pela adaptação em andamento, O novo romance de Dan Brown Pretende tornar-se um dos grandes títulos do ano: uma viagem por Praga a meio caminho entre o visível e o invisível, entre o peso dos séculos e as questões colocadas pela ciência de hoje.