A Extremadura está prestes a tornar-se um grande fórum para a literatura com a VI Bienal de Romances de Mario Vargas Llosa, que acontecerá de 22 a 25 de outubro com Cáceres como epicentro e atividades em Badajoz e Trujillo. Esta é a primeira vez que o evento cruza o Atlântico e é realizado fora da América, um movimento que reforça a Conexão cultural hispano-americana e projeta a região no mapa literário internacional.
A citação é apoiada pelo Conselho Extremadura e a Cátedra Vargas Llosa, com forte ênfase na participação pública e no impacto na vida cultural e econômica local. Além disso, esta edição assume um caráter especial: produzirá uma homenagem póstuma para Mario Vargas Llosa, com eventos projetados para celebrar seu legado e, ao mesmo tempo, promover novas vozes na narrativa em língua espanhola.
Programa e locais

O programa, já delineado no Grande Teatro de Cáceres, reúne homenagens, debates, recitais e encontros em teatros, livrarias e bibliotecas, além de espaços abertos. A inauguração será intitulada Mário, um peixe na água e reunirá leituras e depoimentos de figuras como Ana Belén, Ángeles Mastretta, Héctor Abad, Manuel Jabois, Magüi Mira, Ayanta Barilli, Juan Cruz, Juan Gabriel Vásquez, Pilar Reyes ou Karina Sainz Borgo, com intervenções presenciais e por videoconferência de convidados como Aitana Sánchez-Gijón.
O Grande Teatro também sediará o principal diálogos literários, com figuras conhecidas do mundo do pensamento cultural e do jornalismo: Fernando Savater, Enrique Krauze, Juan Gabriel Vásquez, Juan Manuel de Prada, Marta Fernández, Rubén Amón, Ángeles Mastretta e Juan Luis Cebrián, entre outros. O objetivo é promover uma conversa ampla e serena sobre o romance contemporâneo e seu papel na esfera pública.
Paralelamente, o Fundação Tatiana sediará o ciclo profissional do setor editorial, um espaço para agentes, editores e gestores de projetos analisarem tendências e desafios da cadeia do livro. Ao mesmo tempo, o Centro de Artes Visuais Helga de Alvear abrirá as portas para a poesia performática com propostas de Violeta Gil, Elsa Moreno, Ruiseñora e Juan Carlos Panduro.
A Bienal expande-se para Badajoz com uma ciclo de romances históricos na Igreja de Santa Catalina, que contará com autores como María Reig, Jesús Sánchez Adalid, Fernando Iwasaki e Isabel San Sebastián; e com um concerto do Orquestra da Extremadura no Palácio do Congresso, com obras do compositor peruano Jimmy López.
Trujillo sediará o ciclo A Arte de Escrever no Palácio Barrantes-Cervantes, em colaboração com Zenda, com a participação de Karina Sainz Borgo, José Carlos Llop, Patricia Soley e Luis Alberto de Cuenca. O programa é concluído com oficinas infantis, exposições e atividades relacionadas ao Dia da Biblioteca, pensadas para aproximar a literatura de todos os públicos.
Prêmio e finalistas

El Prêmio Bienal de Romance Mario Vargas Llosa, com um prêmio de US$ 100.000, reconhecerá o melhor romance publicado em espanhol nos últimos dois anos. O prêmio será anunciado no dia 25, no Grande Teatro de Cáceres, numa cerimónia de encerramento que encerrará quatro dias de intensa atividade literária.
O júri, presidido por Juan Manuel Bonet (ex-diretor do Instituto Cervantes), selecionou seis obras finalistas que refletem a diversidade temática e estilística da narrativa em língua espanhola. A lista combina carreiras consolidadas com personalidades fortes, destacando a vitalidade do ecossistema ibero-americano:
- Gustavo Faverón (Peru) - Minimosca
- Pola Oloixarac (Argentina) - Homem mau
- Ignacio Martinez de Pisón (Espanha) - castelos de fogo
- Sergio Ramírez (Nicarágua) — O cavalo dourado
- David Ucles (Espanha) - A península das casas vazias
- Gioconda belli (Nicarágua) — Um silêncio cheio de murmúrios
A agenda inclui uma encontro com os finalistas 22 de outubro e uma agenda repleta de mesas redondas e conversas com escritores, editores, acadêmicos e leitores. Como enfatizou Raúl Tola, diretor da Cátedra Vargas Llosa, o objetivo do projeto não é apenas salvaguardar um legado, mas também promover novas gerações e expandir a presença internacional do romance em língua espanhola.
Na apresentação, o Ministro da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, Vitória Bazaga, destacou que a Bienal atua como alavanca cultural e econômica: Impulsiona os setores de hotelaria e comércio, aumenta a visibilidade da região na mídia e facilita o acesso do público à criação contemporânea. Ele enfatizou que Cáceres fortalece sua posição como Capital hispano-americana do mundo e uma ponte natural entre a Espanha e a América Latina.
Por sua parte, o Álvaro Vargas Llosa Recordou os laços familiares com a Extremadura e recordou a participação do seu pai no Festival de Teatro Clássico de Mérida com Odisseu e Penélope, um livro de memórias particularmente significativo nesta edição póstuma. Sua mensagem sublinhou uma ideia-chave: a literatura latino-americana deve continuar renovando, evitando tornar-se uma estátua, e a Cátedra pode ser uma força motriz para dar visibilidade e validade a novos autores.
A Bienal, realizada bianualmente desde 2014, consolida seu prestígio com uma lista de premiados que inclui David Toscana (2023), Juan Gabriel Vásquez (2021), Rodrigo Blanco Calderón (2019), Carlos Franz (2016) e Juan Bonilla (2014). Depois das etapas em Lima e Guadalajara, o desembarque na Espanha reforça uma Vocação ibero-americana que combina tradição e abertura para o que está por vir.
Com uma combinação de homenagens, debates, músicas e workshopsCom foco na participação cidadã, esta edição coloca a Extremadura no centro do debate literário em língua espanhola. As datas, os locais, o júri e os finalistas definem um evento que visa deixar sua marca tanto na agenda cultural quanto no tecido criativo e econômico da região.