Eddy Merckx Ele é, até hoje, um dos nomes que mais ressoam quando se fala em ciclismo. Considerado o maior ciclista de todos os tempos, sua vida e conquistas marcaram um antes e um depois neste esporte. Recentemente, Merckx comemorou seu 40º aniversário. Anos 80 E sua história voltou a ser notícia graças à publicação de uma nova biografia que explora seus sucessos, suas derrotas e sua maneira única de entender o mundo do ciclismo.
Desde criança, Merckx demonstrou uma dedicação total de bicicleta e com uma mentalidade vencedora que o tornaria lendário. Criado em uma família humilde na região flamenga da Bélgica, ele começou a fazer entregas de bicicleta para o supermercado de seus pais, e seu talento rapidamente passou despercebido pelos vizinhos e fãs locais. Seu apelido, "O Canibal", surgiu de sua voracidade em conquistar absolutamente tudo o que se propunha, embora ele mesmo admita que nunca gostou muito desse apelido.
A carreira profissional da Merckx durou de 1965 a 1978, acumulando 525 vitórias prêmios oficiais, uma figura espetacular que permanece quase intocada e que muitos consideram inatingível. Sua lista de conquistas inclui cinco Tours de France (1969, 1970, 1971, 1972, 1974), cinco Giros d'Itália (1968, 1970, 1972, 1973, 1974) e uma viagem pela Espanha (1973), bem como três campeonatos mundiais de estrada (1967, 1971, 1974). Suas conquistas também incluem seu recorde de vitórias em 'Vistas': sete Milão-San Remo, cinco Liège-Bastogne-Liège, três Paris-Roubaix, dois Tours de Flandres e dois Giros di Lombardia, entre muitos outros eventos.
Mas a Merckx não teve apenas uma questão de triunfos: a sua a forma de competir mudou o ciclismoDizem que ele inspecionava cada parte de sua bicicleta, obcecado pela perfeição, muito antes de conceitos como "ganho marginal" se estabelecerem nos esportes profissionais. Ele também foi um dos primeiros a entender a importância da preparação física e mental, do treinamento específico e da comunicação em uma disciplina que, até então, permanecia ancorada em rotinas mais tradicionais.
“Merckx, inacessível”: Uma biografia para compreender o mito
O jornalista francês Guy Roger foi responsável por colocar a incrível trajetória de Merckx em preto e branco em sua obra "Merckx, inacessível". Publicado em espanhol pela Libros de Ruta e traduzido para diversos idiomas, o livro pretende aproximar o leitor tanto da figura esportiva bem como a dimensão humana do campeão belga. O prólogo é escrito pelo próprio Merckx, e a obra reúne depoimentos inéditos de colegas, rivais e especialistas que compartilharam sua geração e vivenciaram em primeira mão suas façanhas e seus momentos mais amargos.
O volume não se limita a glosar as vitórias, mas explora as vida quotidiana dos ciclistas da década de 1970, retratando uma era difícil, repleta de rivalidades como as entre Coppi e Bartali, Anquetil e Poulidor, e Bahamontes e Loroño. Tudo isso acompanhado de anedotas e histórias pessoais que raramente vinham à tona.
Guy Roger, especialista em ciclismo e futebol, após mais de três décadas como repórter do L'Equipe, também é autor de outros títulos notáveis. Seu trabalho na Merckx é aclamado como um de seus trabalhos mais pessoais e perspicazes, permitindo-nos compreender o "Canibal" além dos pódios e das estatísticas.
Um histórico irrepetível e a sombra do mito
Entre os discos mais impressionantes de Merckx, não apenas seu 11 vitórias no Grand Tour e suas 64 vitórias em etapas neste tipo de corrida, mas também o enorme número de clássicas e corridas de uma semana que conquistou. A história ficará marcada, por exemplo, pelo seu domínio absoluto no Tour de France de 1969, onde conquistou a classificação geral, a classificação de montanha e a classificação por pontos, além de vencer seis etapas individuais. Um feito incomparável.
O domínio do belga foi tamanho que até mesmo seus rivais diretos, como Bernard Hinault e o próprio Miguel Induráin, reconheceram que sua marca é incomparável. Alguns de seus recordes resistiram ao teste do tempo até 2024, quando Mark Cavendish o superou em vitórias em etapas do Tour de France, embora na classificação geral Merckx continue sendo o líder indiscutível.
Seu brilhantismo esportivo muitas vezes ofuscou os demais, mas Merckx também passou por momentos difíceis. Em 1969, durante o Giro d'Italia, foi expulso por não ter passado em um teste antidoping, o que foi um duro golpe para sua carreira. O próprio Merckx sempre alegou inocência e, de fato, seus rivais e companheiros de equipe o defenderam. Esses episódios demonstram o lado mais humano e vulnerável de um atleta que, além de seus sucessos, soube lidar com a pressão e a adversidade.