Anthropic pagará US$ 1.500 bilhão a autores em processo de direitos autorais

  • A Anthropic concorda em pagar pelo menos US$ 1.500 bilhão a escritores e editores, aguardando aprovação judicial.
  • Compensação de US$ 3.000 por obra para aproximadamente 500.000 obras; o valor poderá aumentar se mais títulos forem identificados.
  • Decisão importante: O juiz Alsup viu uso transformador no treinamento, mas houve infração por manter uma "biblioteca central" com milhões de livros pirateados.
  • A empresa removerá cópias ilegais e não admite irregularidades; um possível precedente para outros casos contra OpenAI, Meta ou Microsoft.

Imagem sobre acordo de direitos autorais e IA

A empresa de inteligência artificial Anthropic concordou em pagar pelo menos $ 1.500 milhões para resolver uma ação coletiva movida por autores e editoras que alegaram que suas obras foram usadas para treinar o chatbot Claude sem permissão. O acordo, que ainda precisa da aprovação de um tribunal federal em São Francisco, está se configurando como a maior indenização conhecida em um conflito de interesses. direitos autorais vinculados à IA.

O regime prevê um pagamento de US$ 3.000 por obra para cerca de 500.000 títulos identificados no caso, com possibilidade de aumento caso mais livros afetados venham à tona. A Anthropic observou que não reconhece responsabilidade e que, além do componente econômico, assumirá a eliminação de cópias obtidas de repositórios não autorizados.

Números, quem será pago e como será pago

Detalhes do acordo econômico com os autores

O fundo de liquidação faz parte de 1.500 milhões de dólares, equivalente a US$ 3.000 para cada uma das cerca de 500.000 obras incluídas. Caso a lista final ultrapasse esse valor, o valor será acrescido na mesma proporção para cada título adicional para ser adicionado ao censo de materiais afetados.

Os documentos judiciais indicam que o desembolso será efectuado em várias parcelas, com um calendário de pagamentos que inclui um primeiro pagamento significativo, de 300 milhões de dólares, após a homologação do acordo pelo juiz. A partir daí, os pagamentos restantes seriam ativados até que o valor total acordado fosse atingido.

A ação foi movida pelos escritores Andrea Bartz, Charles Graeber e Kirk Wallace Johnson, e posteriormente apoiado por mais autores e editoras. O acordo prevê que os beneficiários serão os titulares dos direitos das obras afetadas, nos termos estabelecidos pela Tribunal.

Antrópico, financiado por grandes empresas de tecnologia como Amazon e a Alphabet (Google), mantém sua linha: a empresa insiste que continuará focada no desenvolvimento de sistemas de IA seguros e que a transação não envolve uma admissão de culpa.

A origem do caso e a decisão fundamental do Juiz Alsup

Contexto jurídico do caso Anthropic

A disputa surgiu após alegações de que a empresa havia baixado e armazenado milhões de livros de repositórios piratas para construir seu corpus de treinamento. Em junho, o juiz federal William Alsup tomou uma decisão fundamental: reconheceu que a formação de modelos poderia enquadrar-se no uso justo devido à sua natureza transformadora, mas deixou claro que manter uma “biblioteca central” com cópias ilegais constituía uma infração.

Entre as fontes mencionadas estão: Biblioteca Genesis e Pirate Library Mirror, repositórios sinalizados por hospedar livros não autorizados. Em consonância com esta declaração, a Anthropic comprometeu-se a destruir as cópias acesso não autorizado aos seus sistemas, preservando apenas material adquirido legalmente.

Alsup, ao admitir a ação coletiva, chegou a sugerir que uma possível condenação poderia ter excedido o 10.000 milhões de dólares se a empresa for considerada responsável. A audiência para homologar o acordo está agendada perante o tribunal de Santos.

Os demandantes argumentaram que a criação e manutenção deste enorme repositório — mais de sete milhões de livros de acordo com várias apresentações - excedeu qualquer proteção de uso justo, reforçando a tese de que o cerne do problema não era o desenvolvimento da IA ​​em si, mas a gerenciamento de cópias sem licença.

Reações e o que pode mudar para a IA

Impacto do acordo na indústria de IA

Do campo autoral, vozes como a de Maria Rasenberger (Authors Guild) acolheu com satisfação o reconhecimento das consequências quando obras são utilizadas sem permissão. Para o advogado dos autores, Justin A. Nelson, o pacto marca um marco ao se tornar o maior recuperação pública por direitos autorais dos quais há notícias.

Por parte da empresa, Aparna Sridhar, o Conselheiro Geral Adjunto, enfatizou que o objetivo continua sendo construir sistemas de IA que ajudem as pessoas e as organizações a expandir capacidades, impulsionar descoberta científica e resolver problemas complexos. Esta mensagem está alinhada com o roteiro da Anthropic para segurança e transparência.

O alcance do acordo vai além das partes envolvidas: analistas e advogados acreditam que ele pode se tornar referência para outros casos abertos contra desenvolvedores de modelos generativos. Paralelamente, esquemas de licenças com detentores de direitos como forma de obter dados de treinamento.

Empresas como OpenAI, Meta e direitos autorais em livros e Microsoft, alvo de ações judiciais que contestam o uso de materiais protegidos para alimentar seus modelos. O acordo com a Anthropic sugere que a indústria poderia acelerar a transição para estruturas de compensação e conformidade mais definido.

Com a aprovação judicial ainda pendente, o caso deixa uma mensagem clara: a experimentação e o progresso na IA coexistem com obrigações claras quanto propriedade intelectualO valor, o compromisso de apagar cópias ilegais e a estrutura de pagamento pintam um cenário que outras empresas podem ser tentadas a seguir, especialmente se buscarem segurança jurídica e acordos de longo prazo com os criadores.

Meta e direitos autorais em livros-2
Artigo relacionado:
Meta e direitos autorais de livros: Uma decisão fundamental marca o debate sobre IA